quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO & FUTURO ANCESTRAL - de AILTON KRENAK

 

As sensações que tive ao ler IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO foi a de "abraçar a perspectiva do autor" que critica o conceito de humanidade vigente, aonde o homem se percebe como algo separado da natureza, além de nos provocar a respeito dos "ambientes artificiais" que estamos reservando para as futuras gerações viverem como se fossem uma lembrança do que existiu na terra. O autor ainda nos provoca se é esse o ambiente que as futuras gerações gostariam de habitar. Para krenak, devemos deixar um rio intacto para as sete gerações futuras, mas "usamos o rio para joga-lo fora depois", pois nos entendemos como algo separado dele.

Nessa obra, o autor ainda menciona que o conceito de humanidade está fadado ao fracasso, porque o homem é uno com a natureza, mas se percebe como algo distante dela, como se o meio ambiente fosse algo separado de nós, como se fosse uma disciplina acadêmica. 

Krenak ainda afirma que não somos os únicos seres a ter uma personalidade própria ou um estilo de vida, pois até uma pedra ou um rio que é um ancestral nosso, e segundo o autor ele é nosso avô, pois está aqui bem antes de nós, têm personalidade própria. 


Já a obra FUTURO ANCESTRAL, nos traz uma perspectiva muito interessante sobre os rios que estão aqui antes de nós, são nossos ancestrais e são vivos, mas estão sendo destruídos para construção de hidrelétricas e barragens que mudam o curso natural deles para que se estabeleçam as cidades.

O autor também nos provoca várias reflexões sobre as cidades, que são construídas segundo a lógica do capitalismo, pois se mantém pelo padrão vigente do sanitarismo urbano e extermina tudo aquilo que não é considerado limpo, "o ideal é comprar uma batata limpa no supermercado", pois a terra representa sujeira, "quando foi que a terra virou sujeira?", questiona o Krenak nessa obra.

Além disso, o capitalismo e as cidades de acordo com o autor, se mantém pela lógica da pobreza, pois tira-se o homem do campo ou o indígena do seu habitat natural, que os permitia pescar, plantar e caçar livremente e os colocam em periferias ou ambientes subalternizados com restrições alimentares e outros acessos limitados.

A obra também nos faz refletir sobre a educação formal que formata a criança, ao invés de deixá-la com o pensamento livre para criar novas perspectivas. Segundo Krenak nascemos prontos, com a nossa própria identidade, mas somos moldados pela educação formal, e o " mistério indígena, que passa de geração em geração é colocar o coração das crianças no ritmo da terra".

Recomendo a leitura de ambas as obras para descolonizar o pensamento!
Por Thaís Alessandra