Sinto algo estranho,
porque não é meu!
Parece que abriram o
meu peito e rasgaram à força.
Tentaram colocar em
meu peito o sentimento de ser diferente,
uma agonia por SER
mulher e não SER mãe,
uma agonia por SER
mulher e parir obras de arte ao invés de parir filhos.
Tentaram me roubar o sorriso!
E, por alguns momentos o travei, pois sentia culpa de SER alegre.
Tentaram retirar as
MINHAS EMOÇÕES e em troca colocar emoções alheias.
E, por algum momento,
SENTI.
Senti que à minha
idade,
a minha
cor,
o meu corpo, ERAM
ERRADOS.
E a culpa por SER
QUEM EU SOU
chegou rasgando
profundo e caindo em forma de lágrimas.
CAÍRAM TÃO PROFUNDAS
AS LÁGRIMAS, até que a própria culpa caiu.
Foi como se as
lágrimas, de tantas dores, lavassem aquele sentimento que me cortava por
dentro.
Acordei a tempo de
saber que aquela dor, nunca foi minha.
Mas, durante anos
carreguei esse fardo que não era meu. Pois, sempre fui livre!
Culpa por não casar,
Culpa por não gerar,
Culpa por não ter o
cabelo liso,
Culpa por não ter o
corpo perfeito,
Culpa por não aceitar
que me tratem de qualquer jeito,
Culpa por não saber
se gosto só de homens,
Culpa por envelhecer,
Culpa...
Culpa...
Culpa...
Seu antídoto, o
autoconhecimento, para separar aquilo que não pertence a mim.