terça-feira, 27 de dezembro de 2022

CULPA


 

Sinto algo estranho, porque não é meu!

Parece que abriram o meu peito e rasgaram à força.

 

Tentaram colocar em meu peito o sentimento de ser diferente, 

uma agonia por SER mulher e não SER mãe,

uma agonia por SER mulher e parir obras de arte ao invés de parir filhos.

 

Tentaram me roubar o sorriso! E, por alguns momentos o travei, pois sentia culpa de SER alegre.

Tentaram retirar as MINHAS EMOÇÕES e em troca colocar emoções alheias.

 

E, por algum momento, SENTI.

Senti que à minha idade,

 a minha cor, 

o meu corpo, ERAM ERRADOS.

 

E a culpa por SER QUEM EU SOU 

chegou rasgando profundo e caindo em forma de lágrimas.

CAÍRAM TÃO PROFUNDAS AS LÁGRIMAS, até que a própria culpa caiu.

Foi como se as lágrimas, de tantas dores, lavassem aquele sentimento que me cortava por dentro. 

 

Acordei a tempo de saber que aquela dor, nunca foi minha. 

Mas, durante anos carreguei esse fardo que não era meu. Pois, sempre fui livre!


Culpa por não casar,

Culpa por não gerar,

Culpa por não ter o cabelo liso,

Culpa por não ter o corpo perfeito,

Culpa por não aceitar que me tratem de qualquer jeito,

Culpa por não saber se gosto só de homens,

Culpa por envelhecer,

Culpa...

Culpa...

Culpa...

Seu antídoto, o autoconhecimento, para separar aquilo que não pertence a mim. 



 

  Poesia autoral de @thais.alessandra_ (Thaís Alessandra)  

                        CULPA (2022) - Publicada na Coletânea O LIVRO DAS MARIAS IV: FEMININO VESTIDO DE FÉ.

Não divulgue sem mencionar os créditos! 
Sujeito as penas da Lei 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais)