

Quando peludo, sua franjinha toma conta dos seus olhos.


Mas quando toma banho, se sente o máximo.

Ele suportou o abandono já no ventre de sua mãe e logo foi acolhido pelas mãos da minha família em meio a uma brincadeira iniciada na infância, que perdurou até a fase adulta.
Se passaram 15 anos e a velhice, cruel destino de todos nós, também foi suportada por ele. Em meio tantos afagos encontrou motivos para viver; afinal, seus olhos já não tinham luz, os seus dentes já não roiam os ossinhos de frango tão desejados em sua mocidade, a grama já não era tão verdinha e o som já se ouvia distante, seus ossos que o sustentavam com tamanha vitalidade, sabotaram a sua existência e pontiagudos ficaram, a comida já não tinha mais sabor e a água perdeu seu valor. Sobraram apenas o amor e em meio a tanto sofrimento ele encontrava forças para ser fiel ao seu dono, eleito por voto próprio.
Em meio a tanta dor, ele só queria uma mãozinha em sua barriga e orelhinha, mãos que pudecem amenizar tanto sofrimento.
Autora do texto: Thaís Martins