Quanto mais entro em contato com a minha ancestralidade, mais às coisas parecem ganhar um novo sentido, uma nova percepção de mundo e um novo olhar sobre tudo.
Recentemente li o TCC: TEHEY DE PESCARIA DE CONHECIMENTO, pesquisa desenvolvida pelo parente indígena Werynehe, da etnia Pataxoop. Uma pesquisa riquíssima sobre oralidade, transmissão de conhecimentos ancestrais e educação indígena por meio da fruição com o cotidiano e a rotina da aldeia através do uso de imagens.
Por meio dessa pesquisa, tive um insight ou ganhei um outro olhar sobre o mundo. Percebi que o ato de reclamar da chuva e do sol, está associado à lógica colonial de a natureza atrapalhar o "andamento" da cidade. Porque o indígena agradece pela chuva que molha a terra e traz consigo alimentos e todos os benefícios da chuva pra terra. Os Pataxoop fazem até ritual de gratidão após a passagem da chuva:
"(...) No tempo das águas é muita fartura, é muita fruta dentro da nossa terra, todo mundo se junta e oferece, a gente oferece as plantas que plantamos o feijão, o milho, a pimenta, e todas as plantas que fazem parte da nossa cultura. É tempo de renovar as roças, os quintais, é tempo dos bichos estarem se alimentando e como é tempo de muita goiaba, jabuticaba, manga, de todos os alimentos, todos os tipos de fartura, de fruteiras, e a gente agradece com um canto, com dança, com grito, com sorriso e com a maior alegria. (...) Nós e a natureza vivemos com o pensamento um para o outro, e é de onde a gente recebe nossas curas. (...)" - Braz, Werynehe (p. 27, 2019).
Se você chegou até o final do texto, boa reflexão!
Por Thaís Alessandra
#tbt 📷 de 2017